Um vereador da cidade ucraniana de Mariupol acusou a Rússia de usar bombas de fósforo branco, cujo uso contra pessoas é proibido desde 1997 pela Convenção de Genebra, na luta pelo controle da cidade.
“O inferno chegou à terra, chegou a Azovstal”, escreveu o vereador Petro Andruchenko, em referência ao complexo siderúrgico situado em Mariupol, em sua conta do Telegram neste domingo.
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Em vídeos que circulam nas redes sociais, são vistas explosões no complexo de Azovstal que, segundo Anduchenko, seriam de bombas de fósforo branco.
Os explosivos produzem um fogo que não pode ser apagado com água, e seus componentes grudam na pele das vítimas, podendo queimar até os ossos.
Os sobreviventes podem ter sequelas ao longo da vida porque os componentes das bombas são altamente tóxicos e podem causar danos apenas por inalá-los.
As autoridades ucranianas já haviam acusado a Rússia de usar bombas de fósforo branco no ataque à população de Popasna.
Neste domingo (15) a Rússia também se recusou a negociar a possível libertação de combatentes ucranianos do batalhão nacionalista Azov. Os soldados estão entrincheirados há várias semanas no complexo siderúrgico de Azovstal e não serão soltos por serem considerados “criminosos de guerra”.
“Fazer dos criminosos de guerra do Azov o objeto de negociações políticas é uma blasfêmia em relação à história de 1941 (quando a Alemanha nazista invadiu a União Soviética)”, disse hoje Vladimir Medinsky, o principal negociador da Rússia em seu canal no Telegram.
Medinsky considerou errado e inadequado comparar Azovstal com a resistência dos defensores da fortaleza de Brest (Belarus) diante do avanço irrefreável das tropas de Adolf Hitler.
O negociador russo ainda questionou se aqueles soldados soviéticos usaram escudos humanos, atiraram em civis pelas costas, trocaram civis por comida e remédios, dirigiram-se à comunidade internacional e ao Vaticano ou se concordaram em ser evacuados para outros países com a promessa de não lutar com o inimigo.
Quando fala sobre crimes de guerra, Medinsky se refere ao “genocídio”, como Moscou assim o chama, cometido nos últimos oito anos pelo exército ucraniano contra a população civil da região de Donbas.
Ao anunciar a “operação militar especial” russa na Ucrânia, o presidente da Rússia, Vladimir Putin, usou a “desnazificação” da Ucrânia como um dos argumentos.
Por sua parte, a Turquia mostrou-se disposta a acolher os combatentes que se encontram no complexo siderúrgico do porto de Mariupol, no Mar de Azov, entre os quais haveria mais de mil feridos.
Nesta semana, os ex-presidentes da Ucrânia, Leonid Kutchma, Viktor Yushchenko e Petro Poroshenko, apelaram à comunidade internacional para salvar aqueles que ainda resistem na siderúrgica, onde disseram que ainda existe um grupo de civis.
Em sua carta, pediram “que ajudem as autoridades ucranianas com todos os recursos diplomáticos disponíveis para salvar as vidas de civis e soldados ucranianos que a Rússia está tentando eliminar por ordem de Putin”.
Embora Putin tenha ordenado a suspensão do ataque à usina, o bombardeio segue intenso, segundo as autoridades ucranianas.