Patente ao público até 18 de junho no Centro de Arte Oliva, no referido concelho do distrito de Aveiro, a exposição intitula-se “Première” e enquadra-se num ciclo de iniciativas que a instituição francesa já desenvolve desde 1995 e que na 28.ª edição abrange uma temporada cruzada entre os dois países.

A curadoria da mostra é partilhada entre Caroline Bissière, Jean-Paul Blanchet e Andreia Magalhães, que, enquanto diretora do Centro de Arte Oliva, refere que em “Première” haverá trabalhos de criadores afetos, por um lado, às faculdades de Belas Artes do Porto e de Lisboa, à Escola Superior de Artes e Design de Caldas da Rainha, e à Escola Superior Artística do Porto, e, por outro, às escolas superiores artísticas de Poitiers, Bourges, Clermont-Ferrand e Limoges.

“A exposição é um verdadeiro projeto europeu. Materializou-se com o trabalho colaborativo entre oito instituições de ensino e duas de exposição, todas já com já longos currículos e implementação, e possibilitou ainda que todos os artistas se conhecessem e descobrissem o trabalho uns dos outros, contribuindo não só para que mostrem a sua obra em contexto artístico institucional, mas também num enquadramento internacional”, declara Andreia Magalhães à Lusa.

Enquanto fundadores do Centro de Arte Contemporânea de Meymac, Carolina Bissière e Jean-Paul Blanchet conceberam o projeto “Première” para divulgar novos talentos das artes plásticas e explicam o processo na origem da edição que agora chega a Portugal: “Selecionámos os jovens artistas indo ao seu encontro no Verão de 2022, logo após a obtenção dos diplomas em cada uma das escolas, em França e em Portugal. A partir de uma seleção inicial bastante alargada, pensámos a exposição para 21 artistas, (…) tendo em conta o princípio de que todas as escolas inicialmente designadas estariam representadas com pelo menos um”.

À Oliva chegam assim 10 criadores franceses e 11 portugueses, aos quais Bissière e Blanchet reconhecem um trabalho de “alta qualidade” em que identificam três temas dominantes. “A questão do género está muito presente e a preocupação com a ecologia também, revelando um regresso e uma atração pelas práticas artesanais”, declaram.

A mostra final é acompanhada, em São João da Madeira, por um catálogo com críticas assinadas por Vera Carmo, Ana Martins, David Revés, Luísa Soares de Oliveira, Sara Ilher-Meyer, Antoine Camenene e Elora Weill-Engerer.

Segundo o Centro de Arte Contemporânea de Meymac, que acolheu a estreia desta exposição no Outono de 2022, o ciclo “Première” pretende assim proporcionar a jovens recém-licenciados uma oportunidade para “expor seus trabalhos — muitas vezes pela primeira vez — num espaço institucional”, ajudando a “impulsionar a sua profissionalização”.

O vínculo dessa instituição francesa ao meio artístico português vem-se desenvolvendo desde que acolheu em 2018 a mostra “Portuguese Variations”, ao que se seguiu a encomenda de um “monumental Calendário do Advento” a Gabriel Garcia e o apoio à primeira exposição de Nuno Lopes Silva.

A Temporada Cruzada Portugal França 2022 surgiu, por sua vez, no âmbito da presidência francesa do Conselho da União Europeia, constituindo o que o Centro de Arte Contemporânea de Meymac classificou, na altura, como uma “oportunidade de evidenciar a proximidade e amizade que une os dois países, consubstanciada na presença em França de uma muito numerosa comunidade lusodescendente e, em Portugal, de um número crescente de expatriados franceses” — o que reflete “duas comunidades dinâmicas, móveis e ativas, que constituem um vínculo humano e cultural excecional entre os dois países”.

Na altura, os fundadores do ciclo “Première” realçaram ainda que a temporada franco-portuguesa evidenciava um interesse comum em dossiês que ambas as nações defendem “na Europa do século XXI: a transição ecológica e solidária, nomeadamente através do tema do Oceano, e a igualdade de género, o envolvimento dos jovens, o respeito pela diferença e os valores da inclusão”.

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By Evelyn

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