Livre propõe instituto do antigo combatente para auxiliar esta população

“Um instituto do antigo combatente, algo que já deveria ter uma escala maior mesmo em termos de pessoal, pode ser uma maneira de procurarmos fazer o acompanhamento nas próximas décadas destas populações na sua realidade que é multifatorial: que envolve problemas de saúde, sociais, problemas que têm a ver com a aposentadoria, problemas que têm a ver com a relação com o Estado e a burocracia”, propôs hoje Rui Tavares.

O deputado único do Livre falava à agência Lusa à margem de uma visita à associação APOIAR – Associação de Apoio aos Ex-combatentes Vítimas do Stress de Guerra, em Lisboa.

“O cenário que nos foi descrito é um de muita burocracia, de muita demora na concessão de apoios, de muita complicação na definição exatamente de quem tem apoios ou não”, referiu, após uma reunião de cerca de hora e meia com membros da associação.

Tavares apontou para uma “substituição geracional” nas atuais lideranças partidárias, considerado “natural e expectável que passemos a ter governos que têm pouca gente que tenha memória vivida da guerra colonial”.

“Tem havido algum esforço para acompanhar os ex-combatentes e algumas medidas (…) o que não existe é uma estrutura centralizada à escala suficiente para durante as próximas décadas poder fazer o acompanhamento desta população e comunidade”, acrescentou.

Além da população mais envelhecida, que participou na Guerra Colonial, Tavares disse ter ouvido por parte da associação relatos de militares com stress pós-traumático depois de terem participado em missões de paz nas quais Portugal atualmente participa.

Humberto Silva, dirigente da APOIAR, defendeu à Lusa que a instabilidade política afeta a resolução de problemas dos antigos combatentes.

“Em 50 anos de democracia tivemos à vontade 25 ministros da Defesa, e cada vez que se mudam os ministros mudam-se as políticas ou adiam-se políticas e andamos nisto há 50 anos”, disse.

O responsável insistiu numa das reivindicações da associação, que é a reposição da comparticipação a 90% de medicamentos que passaram, há 13 anos, a ser comparticipados apenas em 37%, nomeadamente de âmbito psiquiátrico.

Defendem ainda uma “aceleração dos processos de deficientes das Forças Armadas que demoram muito e que voltaram a parar por falta de pessoal e estruturas para uma população que sofre de uma doença mental, parte dela sofre de pobreza”.

“E mais do que atirar dinheiro para cima dos problemas é preciso ter uma estrutura que se mantenha independentemente dos políticos que passam”, disse Humberto Silva.

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By Evelyn

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