Rogério Ceni fez questão de capitalizar a vitória contra o Palmeiras. Veio por ‘suas convicções’ Paulo Pinto/São Paulo

São Paulo, Brasil

Ninguém venceu mais o clássico de ontem do que Rogério Ceni.

Ele foi massacrado pela mídia, com razão, na derrota de segunda-feira para o Palmeiras, pelo Brasileiro, no Morumbi, de virada, por 2 a 1. Foi até xingado de burro por alguns torcedores são paulinos após a derrota.

O treinador que montou muito bem o São Paulo, e que vencia o melhor time da América do Sul,  por 1 a 0, simplesmente recuou sua equipe. Fez substituições que só ampliaram o poder defensivo. E foi castigado com a derrota.

Desde os tempos de jogador, ele sempre foi muito personalista. Rancoroso com as críticas. Goleiro excelente, teve poucas chances na Seleção, por conta de seu gênio difícil, muitas vezes arrogante, de difícil relacionamento. Mas se consolidou como maior ídolo da história do São Paulo. 

Foram 25 anos como atleta, dormindo primeiro embaixo da arquibancada do Morumbi, onde ficava o dormitório dos jogadores da base. Depois, no Centro de Treinamento da Barra Funda, onde ainda gosta de passar a noite, estudando adversários.

Ele não se conformou com o festival de críticas que recebeu e, rancoroso, com a vitória de ontem, por 1 a 0, diante do mesmo Palmeiras, na primeira partida das oitavas-de-final da Copa do Brasil, ele se vingou. 

Era sua vez de ironizar a imprensa, aqueles que ousaram colocar a culpa no treinador pela derrota.

Ceni deixou claro que a hora, seguindo os mesmos critérios, era de reverenciar o técnico, que foi o grande responsável pela vitória. Ou seja, ele mesmo.

Ele deu uma aula de narcisismo.

“Às vezes as pessoas gostam de atacar o treinador porque ele representa muito a instituição. Eu garanto que o cara que melhor pode representar a instituição nesse momento de dificuldade está aqui. Mas eu entendo. Vocês (jornalistas) me batem bastante, mas eu fui feito para apanhar dessa maneira. Eu faço escolhas. O clube pode fazer a escolha de me tirar. Mas trabalhar com o trabalho no clube e que conheço? Desculpa, você não vai encontrar ninguém que sabe tanto e trabalha tanto.”

Ceni fez questão de repetir o mesmo time que havia perdido para o mesmo Palmeiras, na segunda-feira

Ceni fez questão de repetir o mesmo time que havia perdido para o mesmo Palmeiras, na segunda-feira Divulgação/SPFC

Mas tinha mais, muito mais.

“A maior lição que eu tive foi acreditar nas (minhas) próprias convicções, com os jogadores de segunda sendo os mesmos de hoje. 

“Os mesmos.

“Em 194 minutos (nos dois jogos) estivemos na frente ou igual, com a melhor equipe da América do Sul, segundo vocês (jornalistas). Em apenas um minuto o Palmeiras esteve na frente. Eu tive de acreditar nas (minhas) convicções e trabalhar.”

Ceni não deixou um segundo de exaltar que todas as decisões que acabaram levando o São Paula à vitória foram de uma pessoa. Ele mesmo.

“Hoje (ontem) de manhã, conversei com o Belmonte, ele me chamou na sala dele, eu sentei e ele me disse: ‘Quero que você fique à vontade, a decisão é completamente sua.

“Se você quiser colocar o time inteiramente reserva, estaremos com você. Se quiser colocar o titular, vamos te apoiar. A decisão que você tomar será respeitada pelos dirigentes do clube’. Foram essas palavras que ele falou para mim. E eu fico contente.”

Porque ele escolheu os titulares e venceu o Palmeiras.

E destacou também que fez seu time manter a concentração durantes os noventa minutos de jogo.

“Se você não jogar com um nível de concentração muito alta contra o Palmeiras, que é um belíssimo time, dificilmente você vai ter a chance de ganhar deles. Nós estamos aqui desde o ano passado, jogamos seis vezes contra eles, ganhamos três e perdemos três.

“Para um time que é dado, e acho que de forma merecida, como melhor da América, eu acho que nós conseguimos manter um equilíbrio contra o Palmeiras. As alterações foram corretas no último jogo e hoje também.”

Desta vez, o São Paulo não recuou. Não teve medo do Palmeiras. Venceu e convenceu

Desta vez, o São Paulo não recuou. Não teve medo do Palmeiras. Venceu e convenceu São Paulo

Esperto, Rogério Ceni sabe que errou feio na segunda-feira, ao culpar os jogadores pela derrota. Enfatizando que o time perdeu em duas bolas paradas. E ele, como treinador, não poderia fazer nada na tomada de decisões dos atletas.

“(Tenho de) Exaltar, tanto no jogo passado como nesse, o mérito que eles tiveram (meus jogadores). Pela dedicação, pelo empenho.”

Mas o treinador tinha a última estocada a dar em quem o criticou na derrota de segunda-feira. Para Rogério Ceni, que não concordou quando recuou o São Paulo, que estava dominando o Palmeiras no jogo do Brasileiro, foi para buscar ‘likes’.

“(Técnico de futebol) É uma profissão pública e é natural você sofrer críticas. Gente buscando like, outros fazem chamadas. Nós provamos hoje que fizemos um bom jogo na segunda-feira e a estratégia foi correta.

“Hoje tivemos a mesma equipe, mesmas ideias e tivemos a felicidade de ter a vitória. Mas por isso o pessoal tem a mesma visão. Ganhar ou perder, nós vamos. Temos muita gente no departamento médico, eu já digo que teríamos mais chances de sucesso se tivesse recuperados os jogadores que estão contundidos.”

Para piorar a situação de Rogério Ceni, Arboleda teve uma contusão muito séria no tornozelo esquerdo ontem. E tem grande chance de ficar meses afastado. Até sua participação na Copa do Mundo está arriscada…

By Evelyn

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