Príncipe Charles posa ao lado da mãe, a rainha Daniel Leal/AFP – 2.6.2022

O príncipe Charles, herdeiro do trono britânico, aceitou 1 milhão de euros (R$ 5,51 milhões) contidos em uma bolsa do xeque do Catar bin Jassim bin Jaber Al Thani, além de outras doações em dinheiro que o ex-primeiro ministro da nação árabe teria feito para organizações beneficentes do filho da rainha Elizabeth 2ª.

A informação foi publicada neste domingo (26) nas páginas do jornal britânico The Sunday Times. Segundo o veículo de imprensa, Charles recebeu, entre 2011 e 2015, através das organizações, 3 milhões de euros (R$ 16,5 milhões) de Al Thani, que foi premiê do Catar entre 2007 e 2013, e ministro das Relações Exteriores do reino de 1992 a 2013.

Em uma das ocasiões, o xeque entregou ao príncipe britânico 1 milhão de euros, divididos em uma bolsa vendida pela loja de artigos de luxo Fortnum & Mason.

Em outra ocasião, o príncipe herdeiro aceitou uma mala de viagem com o mesmo montante, durante uma reunião privada que ocorreu na residência de Clarence House, em Londres, conforme publicou o Sunday Times.

Um porta-voz da Coroa declarou ao jornal que o dinheiro “foi repassado de maneira imediata” a uma das organizações beneficentes do filho de Elizabeth 2ª. O príncipe, por sua vez, teria aplicado os procedimentos de governança previstos e garante que foram seguidos “os processos corretos”.

O Sunday Times detalha que, após receber a maleta com 1 milhão de euros, Charles a entregou para assessores, que “contaram o dinheiro a mão”. Os funcionários entregaram o montante para a entidade bancária Coutts, responsável pelo patrimônio da monarquia, onde foi feito o depósito nas contas do Fundo Benéfico do Príncipe de Gales, que gere projetos do herdeiro do trono.

O jornal aponta ainda que as reuniões de Charles com o xeque catariano não aparecem na agenda oficial dos membros da realeza. Além disso, o Sunday Times lembra que as normas reais estabelecem que os integrantes da família podem aceitar cheques em nome de organizações beneficentes, mas não há menção sobre dinheiro em espécie.

O presidente do Fundo Benéfico do Príncipe de Gales, Ian Cheshire, confirmou ao jornal que a direção da época aprovou a doação que estava na mala. “Verificamos esse evento do passado e confirmamos que os gestores analisaram a governança e a relação do doador, e nossos auditores confirmaram a doação”, explicou.

Uma porta-voz da Coutts garantiu que há “políticas e controles sólidos” para “avaliar a fonte, a natureza e o propósito das grandes e pouco usuais transações”, apontando que, em particular, o recebimento de pagamentos em dinheiro são submetidos a uma “supervisão minuciosa”.

O The Sunday Times garante que não há indícios de que tenha ocorrido ilegalidade, mas aponta que as doações em dinheiro aumentarão as dúvidas sobre a administração de organizações benéficas de Charles, que assumiu mais funções devido a idade avançada de Elizabeth 2ª.

A polícia britânica investiga, desde fevereiro, alegações de que o auxiliar mais próximo do príncipe, Michael Fawcett, prometeu títulos de nobreza e cidadania à um milionário saudita em troca de doações, algo que o herdeiro diz que desconhecia.

By Evelyn

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