Saúde mental na paquera: qual o momento certo para abordar o tema?

A maior plataforma de namoro on-line registrou picos de palavras como terapia e saúde mental. Entenda o por quê (Foto: Divulgação)

 

O assunto nunca esteve tão em alta. A preocupação com a saúde mental invadiu os escritórios das empresas, os consultórios médicos, os encontros entre amigos e, até mesmo, os aplicativos de paquera. Dados divulgados pelo Tinder – o maior app de relacionamentos do mundo – indicou um aumento de 200% na palavra “emocional” entre janeiro e setembro deste ano. O aumento também foi observado nas pesquisas dos brasileiros na ferramenta de busca do Google. Segundo levantamento feito pela empresa de análise de dados Bites, o termo ansiedade e seus desdobramentos atingiu o pico histórico da pesquisa em abril deste ano.

 

Os números mostram uma preocupação dos brasileiros com um dos transtornos que mais assombram o país: a ansiedade. Considerado o país mais ansioso do mundo, o tema era um tabu para a sociedade que tem demonstrado interesse com os assuntos relacionados à mente. Para o psicólogo Fernando Machado, do Hospital Anchieta de Brasília, esse aumento é um reflexo da pandemia . “Faz sentido, pelo processo vivido nos últimos anos, procurar saber como o outro passou e como ele lidou com a pandemia. Se ele teve algum problema de saúde mental ou um problema de depressão e ansiedade”, exemplifica o especialista.

Além do agravante pandêmico, Machado ainda entende que a necessidade de abordar esse problema da saúde mental dentro dos aplicativos de encontro  parte da distância que mundo virtual causa entre as pessoas. A mesma pesquisa realizada pelo Tinder mostra que a palavra “terapia” foi usada quatro vezes mais desde março de 2020 até agora. O aumento também foi observado com o termo “saúde mental” — esse que, em sua maioria, foi usado entre homens com mais de 25 anos.

Qual o momento certo?

Abordar o tema, apesar da alta nos últimos meses, pode ser delicado para algumas pessoas. Seja pelo o que ele representa individualmente a depender da experiência de cada um, seja pelo tabu que ainda o assombra. Nesse caso, o psicólogo aconselha evitar perguntas sobre saúde mental nos primeiros contatos durante o flerte.

 

Moradora de Brasília, a usuária tem 21 anos e está entre os públicos alvos desses aplicativos. De acordo com uma pesquisa realizada pela Global Web Index (GWI)  em 2015, 45% dos usuários do Tinder têm idade entre 25 e 34 anos e 38% estão entre 16 e 24 anos. Os homens ainda são maioria e representam 62% dos inscritos na plataforma.

Normalização da discussão

Esse comportamento, de acordo com a psicóloga e professora Valéria Mori, do Centro Universitário de Brasília (Ceub), é nocivo. Segundo ela, “abordar o tema durante um flerte não deve ter o intuito de ‘patologizar’ o outro.”“Quando somos a pessoa que tem transtorno penso que devemos avaliar se contamos ou não nossa situação. A exposição de diferentes processos que passamos na vida deve ser feita quando a boa qualidade de um relacionamento vai tomando forma”, aconselha a psicóloga.

 

Para ela, é de suma importância abordar temas que tratem da saúde mental, principalmente no que diz respeito ao bem-estar e a tentativa de deixar o outro acolhido e representado. “Penso que falar desses temas ajuda a superar o preconceito”, explica Mori.

 

“Há poucos anos não comentávamos sobre saúde mental e muito menos sobre depressão. Esse movimento é fundamental para que as pessoas que têm transtorno de alguma ordem não sejam marginalizadas ou vistas como fracas”, reflete a especialista.

Fonte: Metrópoles

 

 

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