Os 46 militares costa-marfinenses, que Bamaco alega serem “mercenários”, foram condenados em 30 de dezembro a 20 anos de cadeia, antes de expirar o ultimato fixado para 1 de janeiro pela CEDEAO à junta militar no poder no Mali para os libertar.

Os costa-marfinenses foram condenados com base nas acusações de “ataque e conspiração contra o governo”, “atentado à segurança externa do Estado”, “posse, porte e transporte de armas e munições de guerra (…) que visavam perturbar a ordem pública e semear o terror”, após um julgamento de dois dias em Bamaco.

O presidente em exercício da CEDEAO, e chefe de Estado da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, declarou hoje em Bissau à imprensa que “não haverá sanções contra o Mali no futuro imediato”.

“Demos tempo para (permitir) que a mediação togolesa faça o seu trabalho, de forma a resolver o problema. É apenas uma questão de bom senso”, acrescentou.

O anúncio do Presidente da Guiné-Bissau coincide com a passagem do chefe de Estado do Togo, Faure Gnassingbé – que medeia a libertação dos 46 costa-marfinenses -, por Bamaco, de onde saiu, em direção a Abidjan, segundo fontes das Presidências do Mali e da Costa do Marfim.

Faure Gnassingbé “pediu um perdão presidencial”, disse à agência noticiosa uma fonte da Presidência do Mali.

Outra fonte da Presidência da Costa do Marfim disse também que Gnassingbé era esperado em Abidjan após a visita ao Mali.

Não foi feita nenhuma declaração oficial sobre o conteúdo da conversa de hoje à tarde em Bamaco entre Faure Gnassingbé e o seu homólogo maliano, Assimi Goïta, tendo a Presidência togolesa declarado em comunicado que “a cooperação entre o Togo e o Mali, bem como assuntos de interesse comum” estariam no centro do encontro entre os dois líderes.

No seu discurso de Ano Novo, o Presidente da Costa do Marfim, Alassane Ouattara, prometeu que os militares detidos “voltarão em breve ao solo costa-marfinense”.

O porta-voz do Governo da Costa do Marfim, Amadou Coulibaly, disse hoje, após a reunião do Conselho de Ministros, que é preciso “confiar no chefe de Estado”.

“A Costa do Marfim escolheu um caminho, o da negociação, é o caminho diplomático, continuamos resolutamente empenhados nesse caminho”, acrescentou.

Desde 10 de julho que a Costa do Marfim exige a libertação dos seus militares, negando categoricamente que fossem “mercenários”, alegando que estavam numa missão para a ONU, como parte das operações de apoio logístico à Missão das Nações Unidas no Mali (Unmis).

Em 22 de dezembro, uma delegação oficial da Costa do Marfim visitou Bamaco na presença do ministro dos Negócios Estrangeiros togolês, num espírito “fraternal”.

A visita terminou com a assinatura de um memorando, com o ministro da Defesa da Costa do Marfim, Téné Birahima Ouattara, irmão do chefe de Estado, a sublinhar que o assunto estava “a caminho da resolução”.

O acordo alcançado entre o Mali e a Costa do Marfim deixa em aberto a possibilidade de um perdão presidencial para o chefe da junta militar maliense, Assimi Goïta, que não mencionou os soldados marfinenses no seu discurso de fim de ano.

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By Evelyn

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