Hospital Oswaldo Cruz

Tivemos, nos últimos anos, um empoderamento feminino construtivo. Muitas revistas, jornais e redes da internet apregoam que a beleza de cada corpo é individual e deve ser respeitada e aceita por todos.

Mas, infelizmente, a publicidade brasileira ainda é monotemática no assunto, conforme demonstra a Pesquisa TODXS de 2021, cuja 10a onda foi apresentada pela Aliança sem Estereótipos, movimento criado em 2017 e liderado pela ONU Mulheres. O padrão de beleza idealizado no Brasil para as mulheres é uma mulher branca, magra, com curvas, cabelos lisos e castanhos. Essas são 63% das mulheres que aparecem nos anúncios publicitários de TV e de Facebook. A nossa publicidade além de tudo é gordofóbica: o número de inserções de modelos e atrizes plus size não saiu de 0% em ambas as mídias.

É fundamental que diversos setores da sociedade se mobilizem no combate aos estereótipos femininos. O que se vê é ainda uma grande distância entre discursos teóricos e a prática de respeito às individualidades corporais. Redes Sociais vivem incentivando a diversidade mas estimulam, paradoxalmente, de forma até subliminar, o mito do corpo perfeito, independente das características inerentes de cada mulher que variam de acordo com fatores genéticos, étnicos e culturais entre outros. Tratar a obesidade de forma simplista como uma doença e não desenvolver políticas públicas benéficas para essas mulheres também oprime e sufoca muitas dessas mulheres que acabam perdendo a autoestima e deixam de acreditar até na vida. Para algumas empresas, patologizar a obesidade e incentivar o corpo perfeito parece ser mais lucrativo mesmo que resulte em danos irreversíveis à saúde das pessoas.

A busca do corpo perfeito é ingrata, injusta, cruel e infrutífera e tem levado muitas mulheres a procedimentos cirúrgicos e estéticos  excessivos, alguns envolvendo até riscos de vida. Até mesmo alguns profissionais de saúde inescrupulosos e mercantilistas incentivam esse tipo de procura. Vejo também muitas mulheres buscando fórmulas mágicas de emagrecimento com medicamentos que prejudicam a saúde plena delas e as deixam com sequelas físicas ou mentais. Quadros de depressão, transtornos ansiosos e alimentares com riscos de suicídio podem ocorrer por tais comparações.

A pergunta que não quer se calar: até quando iremos conviver com tanta hipocrisia na publicidade? Claro que há avanços tímidos e não quero generalizar. Mas temos muito a conquistar ainda no combate a tais preconceitos. Espero que com empatia e respeito às diferenças que dão um belo significado à nossa existência.

By Evelyn

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