“O tecido empresarial poderia promover ainda mais os seus produtos e tecnologias de vários setores no ocidente canadiano em geral, e na província de Alberta em particular. Para tal teriam que desenvolver ações específicas de marketing, criando uma dinâmica de imagem corporativa, usando diversos canais disponíveis e contando como sempre com o apoio do corpo diplomático em toda a geografia canadiana, afirmou Aurélio Fernandes, de 74 anos.

Portugal tem feito um enorme esforço global em termos da divulgação do “Made in Portugal”, criando sinergias entre empresas, empresários e clientes.

No país, esse efeito “tem surgido com sucesso”, contando com a articulação entre os postos consulares portugueses e a embaixada em Otava e pode “ainda ter um crescimento mais evidente”.

No Canadá há quase 50 anos, o diplomata nasceu em Goa, mudou-se com a família para Lisboa, antes de fixar residência no país.

“A título de exemplo, faço referência à questão dos nossos excelentes vinhos, que estão entre os melhores do mundo, mas que não são divulgados de uma forma expressiva nas províncias canadianas. Em contrapartida, os vinhos italianos, chilenos, entre outros, têm um marketing excecional. Isso na prática, vende”, notou.

Em 1990, Aurélio Fernandes criou e desenvolveu, em parceira com o consulado português de Vancouver e a embaixada portuguesa em Otava, a Câmara de Comércio Luso-Canadiana na província de Alberta para “promover as relações bilaterais entre a província canadiana e Portugal”.

“Contámos, durante décadas, com um enorme apoio da Agência Portuguesa para o Investimento (API) e posteriormente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), o que nos dava uma grande dinâmica até que infelizmente, surgiu a pandemia arrefecendo toda a dinâmica comercial”, lamentou.

 O cônsul honorário, que tem praticado ao longo dos anos uma diplomacia “mais económica”, está a tentar “retomar as atividades da câmara de comércio”, apostando em áreas “como a cerâmica, vinhos, cortiça e alta tecnologia”, fundamentais para a economia portuguesa.

No entanto, o diplomata advertiu que Alberta tem características diferentes das províncias do Ontário, da Colúmbia Britânica e da própria cidade de Montreal, no Quebeque, onde existe maior representação da comunidade portuguesa.

“A nossa comunidade não tem a dimensão e o poder de compra, como em outras províncias canadianas, no entanto existe potencial, mas sem uma estratégia de marketing dinâmica, será sempre mais difícil penetrar neste mercado”, salientou.

O Acordo Económico e Comercial Global (CETA, sigla em inglês) entre a União Europeia e o Canadá, em vigor a título provisório em 2017, “tem implementado uma dinâmica positiva, principalmente na área dos laticínios”.

Os mecanismos para atrair residentes estrangeiros para o país, como o ‘golden visa’ (2012) e mais recentemente o visto para nómadas digitais (2022), também têm tido muitas solicitações em Edmonton.

O Canadá tem oficialmente 40 milhões de habitantes, sendo 448.395 de origem étnica ou cultural portuguesa, de acordo com o recenseamento de 2021. Em Alberta, os cálculos apontam para entre dez a 12 mil portugueses e lusodescendentes.

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By Evelyn

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