Na foto, um campo de refugiados sírios, hostilizados por boa parte da comunidade europeia Khalil Ashawi / Reuters – 21.2.2020

A Europa já não faz mais questão de esconder que é um território em que negros e árabes não são bem-vindos. O tratamento dado a refugiados da Guerra da Ucrânia deixa esse preconceito bem claro. Do alto de sua soberba, países do continente adotam medidas desavergonhadamente supremacistas para expulsar ou acolher imigrantes – discriminados a partir de suas origens e cor de pele.

A guerra em andamento no antigo Leste Europeu serve ao menos para desmascarar a hipocrisia com que tanto se reclamou das diversas “crises migratórias” que teriam ocorrido neste breve século 21 e no passado mais que recente, ainda vivo na memória de sírios, iraquianos e afegãos, por exemplo.

Polônia, Hungria e Romênia, hostis e violentos com refugiados de conflitos sangrentos fora do cinturão branco desse imaginário ultranacionalista, agora se destacam pela solidariedade aos ucranianos.

“Trata-se de um povo amigo”. Assim se referiu aos ucranianos o premiê húngaro, Viktor Orbán – aquele mesmo que, na década passada, investiu 120 milhões de euros para erguer uma cerca em sua fronteira.  A Hungria chegou até a impor um pacote de medidas que puniam com prisão os compatriotas que ousassem prestar ajuda a imigrantes.

Em 2015, a Europa quase em uníssimo reclamou da tal “crise de refugiados”, quando 1,4 milhão de sírios buscavam refúgio da guerra sangrenta e cruel. Foram tratados como inimigos. A mesma região absorveu gentilmente 2 milhões de ucranianos (igualmente devastados) em apenas alguns dias.

Países são soberanos ao decidirem que rumo adotar em questões tão graves. O que não se pode negligenciar, ressalte-se, é a presença desse discurso cínico e extremamente racista que serve de alimento e pasto ao pior tipo de ser humano, aquele que se considera superior aos demais. Já vimos esse filme, no mesmo cenário. Não acaba bem.

By Evelyn

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