A descoberta dos corpos foi feita nas aldeias de Kisali, Kazaroho e Kirumba. Eram pessoas que tinham fugido de Bwito após a ocupação pelo M23, mas que depois decidiram regressar para continuar o trabalho no campo”, disse à Efe, por telefone, Isaac Kibira, subdelegado do governador do território de Rutshuru, na província de Kivu do Norte.

“Ao regressarem, foram surpreendidos pelos rebeldes do M23, que os mataram” num massacre que se prolongou por vários dias na semana passada, tendo os corpos, alguns deles amarrados com redes mosquiteiras e em estado avançado de decomposição, sido encontrados na terça-feira, acrescentou Kibira.

Segundo o dirigente local, “o número de vítimas vai aumentar” quando se tiver acesso a toda a circunscrição de Bwito.

“É catastrófico o que aconteceu. Precisamos da segurança do exército e dos ‘capacetes azuis’ da ONU”, defendeu.

Desde o recomeço dos intensos combates do M23, em março de 2022, após vários anos de calmaria, os rebeldes conseguiram apoderar-se de numerosas áreas e locais estratégicos no leste da RDCongo, bem como de três das quatro estradas que ligam Goma, a capital provincial, a outras partes do país.

O grupo começou a retirar-se de algumas dessas áreas em março passado, depois de os líderes da Comunidade da África Oriental terem exigido reiteradamente a sua retirada.

No entanto, “o risco de novos combates continua a ser real”, reconheceu o enviado especial das Nações Unidas para a região dos Grandes Lagos, Huang Xia, na semana passada, perante o Conselho de Segurança da ONU, alertando para o facto de o cessar-fogo ser ainda “frágil”.

Os combates do M23 obrigaram mais de 1,1 milhões de pessoas a abandonar as suas casas, de acordo com os últimos dados da ONU.

A situação desencadeou também uma crise diplomática, uma vez que a RDCongo acusa o vizinho Ruanda de apoiar os rebeldes, o que Kigali nega de forma veemente, apesar de pelo menos dois relatórios da ONU confirmarem essa colaboração.

Simultaneamente, o Ruanda e o M23 acusam o exército da RDCongo de cooperar com as Forças Democráticas para a Libertação do Ruanda (FDLR), fundadas em 2000 por líderes do genocídio de 1994 e outros ruandeses exilados na RDCongo para recuperar o poder político no seu país de origem.

Esta colaboração foi igualmente confirmada pela ONU.

Desde 1998, o leste da RDCongo está mergulhado num conflito alimentado por milícias rebeldes e pelo exército, apesar da presença da missão de manutenção da paz das Nações Unidas no país (Monusco).

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By Evelyn

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