António Pires de Lima, ministro da Economia entre 2013 e 2015, durante o governo liderado por Pedro Passos Coelho, falava hoje numa audição parlamentar na Comissão de Economia, Obras Públicas, Planeamento e Habitação, no âmbito de um requerimento do PS, sendo paralela à Comissão Parlamentar de Inquérito à TAP, onde será posteriormente ouvido.

“Não é verdade que tenha estado nas premissas das primeiras abordagens por parte da Atlantic Gateway para a privatização a utilização de qualquer tipo de fundos que viessem da Airbus”, afirmou.

Pires de Lima disse só ter tido conhecimento dessa possibilidade na segunda quinzena de setembro, depois de uma reunião que a Atlantic Gateway teve na Parpública, cujos resultados lhe foram comunicados pelo seu secretário de Estado Sérgio Monteiro.

“Essa hipótese só foi formalizada pela Atlantic Gateway numa carta à Parpública, no dia 16 de outubro, e onde constava já a garantia de que os aviões que iam ser comprados iam ser comprados com uma poupança relativamente ao que consideram o preço de mercado de 233 milhões de euros”, explica.

Pires de Lima salientou que o executivo pediu através de uma carta, enviada pela Parpública, no dia 20 de outubro de 2015, à Atlantic Gateway um maior detalhe dessas avaliações, cuja resposta chegou à Parpública no dia 12 de novembro de 2015, indicando que foram dedicadas “dezenas de páginas” sobre os pressupostos que foram usados para cada um dos aviões.

O antigo governante questionou os deputados socialistas se também desconfiam de Humberto Pedrosa, que integrava o consórcio Atlantic Gatway: “Os senhores também desconfiam do senhor Humberto Pedrosa com quem o governo socialista tem feito inúmeros acordos e negócios? Ele continua a gerir uma parte dos transportes que estão concessionados por governos do PS”, disse, acrescentando que não desconfia, porque não tem “nenhuma razão” para o fazer.

O consórcio Atlântico Gateway — composto pelos acionistas David Neeleman e o empresário português Humberto Pedrosa — venceu a privatização da TAP, levada a cabo pelo governo do PSD/CDS-PP, operação que foi parcialmente revertida em 2015.

Segundo notícia do Eco, divulgada no início de fevereiro deste ano, a sociedade DGN, liderada por Neeleman, selou um memorando de entendimento com a Airbus, que implicava que a TAP desistisse de um contrato para o ‘leasing’ de 12 aviões A350 e adquirisse antes 53 aeronaves, por um valor em cerca de 254 milhões de dólares acima do valor de mercado.

O jornal avançava ainda que a Airbus iria providenciar créditos de capital à DGN, no valor de 226,75 milhões de dólares, para serem canalizados para a TAP através da Atlantic Gateway.

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By Evelyn

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