A comissão parlamentar de inquérito à tutela política da gestão da TAP teve uma “vida” antes e depois dos acontecimentos da noite de 26 de abril no Ministério das Infraestruturas que envolveram a equipa de João Galamba, depois de este ter demitido o seu então adjunto Frederico Pinheiro na sequência das notas de uma reunião que veio a público precisamente durante as audições.

“Apure-se a verdade, o país nunca fica pior sabendo-se a verdade […] fica sempre melhor, seja a verdade qual seja e doa a quem doer”. Estas foram as palavras do primeiro-ministro, António Costa, antes da audição da antiga CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener, provavelmente longe de imaginar as consequências que as revelações nesta comissão trariam ao seu executivo e à relação com o Presidente da República.

Depois de ter sido conhecida a participação da antiga CEO numa reunião preparatória da audição de janeiro na comissão de economia com o grupo parlamentar do PS e membros de gabinetes ministeriais, foram pedidas ao Governo todas as informações, incluindo eventuais notas ou registos do encontro, o que precipitou um problema dentro da equipa de João Galamba, que culminou com agressões na noite de 26 de abril, um alegado furto do computador de serviço de Frederico Pinheiro e até a intervenção do SIS.

Quando os deputados terminavam uma maratona de cinco audições de sindicatos, em 02 de maio, o país conheceu um comunicado de João Galamba onde dava conta de ter apresentado ao primeiro-ministro a sua demissão.

Apesar da precipitação de alguns atores políticos que se referiram a Galamba como ex-ministro, António Costa surpreendeu tudo e todos ao anunciar aos portugueses que, “em consciência”, não podia aceitar aquele “gesto nobre”, mantendo a confiança no ministro, uma “leitura política” com a qual Marcelo Rebelo de Sousa discordou na mesma noite.

Dois dias depois, a expectativa em relação ao que poderia vir a dizer aos portugueses o Presidente da República sobre este caso não ficou fora da sala da comissão de inquérito durante a audição ao antigo chairman Miguel Frasquilho.

Marcelo não usou a “bomba atómica”, mas deixou avisos a Costa e, com a relação tensa entre o Palácio de Belém e o Palácio de São Bento, o PS aceitou chamar Galamba à comissão de inquérito antes do previsto, numa semana em que estiveram em confronto as diferentes versões dos acontecimentos de 26 de abril nos depoimentos de Frederico Pinheiro, da chefe de gabinete Eugénia Correia e do ministro.

Nesta altura, a indemnização à antiga admnistradora Alexandra Reis e os seus responsáveis foi remetida para segundo plano, tendo apenas voltado ao centro da discussão nas derradeiras audições aos intervenientes políticos nesta polémica.

A grande expectativa recaíu no regresso de Pedro Nuno Santos ao parlamento e aos holofotes mediáticos, após quase meio de ano de silêncio que se seguiu à sua demissão do Governo devido precisamente à indemnização de Alexandra Reis.

O ex-ministro das Infraestruturas voltou em dose dupla e, no espaço de poucos dias, em audições na comissão de economia e na de inquérito à TAP, um desempenho que os comentadores avaliaram de forma positiva, deixando em aberto o futuro político de Pedro Nuno Santos, que muitos davam como afastado depois desta polémica da TAP.

“Não sou candidato a nada. Vou ser deputado à Assembleia da República no dia 04 de julho”, sublinhou.

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By Evelyn

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