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Garantir acessibilidade e autonomia é um dos objetivos do projeto liderado pelo engenheiro mecânico Thiago Lopes Quevedo que, em parceria com mais pesquisadores, desenvolveu próteses de mão biônica com custo mais baixo para atender e proporcionar bem-estar a pessoas com deficiência que não têm acesso a próteses convencionais pelo alto investimento demandado. Produzida com fibra de carbono em uma impressora 3D, a prótese deve custar menos de 1% do valor de um dispositivo similar, que é importado e chega ao Brasil por até US$ 100 mil (R$ 539 mil na cotação desta segunda-feira – 25, R$ 5,39).

“As próteses de alta tecnologia que chegam ao Brasil possuem um valor médio entre 50 e 100 mil dólares, que são exorbitantes, quando temos em mente que o rendimento domiciliar per capita brasileiro é de R$ 1.373,00, segundo o próprio IBGE, no ano de 2018. Além dos valores elevados, ainda temos um longo período, em que os pacientes precisam estar em centros especializados, realizando treinamentos e adaptações nas próteses de alta tecnologia. Outro dado importante é uma estimativa de que 70% dos pacientes que possuem próteses de alta tecnologia acabam deixando os dispositivos de lado, porque a adaptação não é fácil, segundo aponta um estudo desenvolvido em 2004 pela Escola Politécnica da USP”, destaca Quevedo.

Natural de Campo Grande – MS, Thiago cursou graduação em Engenharia Mecânica na Faculdade Anhanguera da Capital, momento da sua vida profissional em que iniciou o desenvolvimento de soluções e produtos relacionados à modelagem, simulações e manufatura. Já no doutorado, na Universidade Federal do Paraná (UFPR), Thiago criou o projeto de desenvolvimento das mãos biônicas modeladas em 3D.

Em maio deste ano, deu início à primeira fase de testes com o voluntário Leonardo Borges Ladislau, realizando a medição do sinal mioelétrico. O processo consistiu na captação da tensão mioelétrica gerada pela contração muscular do membro residual, o sinal é direcionado a um microcontrolador que por meio de um algoritmo desenvolvido especialmente para o projeto executa os comandos da prótese de mão. Nesse segundo semestre será fundamentada a fase prática que consiste na operação da prótese por meio de testes mecânicos. 

(Foto: Divulgação)

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“Esse processo reacendeu meu desejo de ter uma prótese e a primeira fase foi muito positiva, já que atingimos o objetivo de testar a minha sensibilidade. Eu não tinha condições financeiras e esperança, mas agora estou muito confiante e aguardando, feliz, a próxima etapa”, destaca Leonardo.

Pedro Ivo, coordenador do curso de Engenharia da Anhanguera Campo Grande, comenta a importância do curso para o desenvolvimento de tais projetos. “A engenharia está intrinsicamente ligada ao progresso da sociedade em suas diferentes esferas. É um mecanismo de inovação que permite que o teórico seja transformado em prático e, para onde olhamos, vemos a engenharia mesmo que de forma implícita. Isso é o que o curso de Engenharia da Anhanguera possibilita aos seus alunos quando fornece conteúdo que serve de ferramenta para que projetos como esse sejam desenvolvidos”. 

Thiago explica que atender as pessoas de baixa renda é um dos principais motivos para a idealização do projeto. “Eu acredito que quando possuímos ao menos o mínimo de conhecimento, especialmente quando utilizamos recursos públicos, a retribuição para a sociedade deve ser algo natural. Assim, desenvolver uma prótese biônica economicamente acessível e possibilitar a melhoria da qualidade de vida do próximo tornou-se um combustível para desenvolver o projeto”, explica.

Em parceria com outros pesquisadores, o projeto foi idealizado no Programa de Pós-Graduação de Engenharia Mecânica da UFPR. “Esse desejo de contribuir com o desenvolvimento da prótese biônica tem raízes mais profundas, pois faz parte de minha tese de doutorado, no Paraná, na qual posso contar com a orientação do professor Dr. Jucélio Tomás Pereira (UFPR) e a coorientação do Dr. Aparecido Augusto de Carvalho, da Universidade Estadual Paulista (Unesp)”, acrescenta Thiago.

A prótese tornou-se um produto comercial viável a partir do suporte financeiro do Programa Centelha, que junto ao Ministério da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicação (MCTIC), FINEP, CNPq, Governo do Estado de Mato Grosso do Sul e FUNDECT, que disponibilizaram recurso fundamental para o desenvolvimento de todo o projeto.

By Evelyn

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