O ministério das Infraestruturas ‘fechou’ a semana com uma polémica que envolve o ministro, João Galamba, e o ex-adjunto, Frederico Pinheiro, exonerado no âmbito das contradições que envolvem notas tiradas durante a reunião com a ex-CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener – durante a qual “tinham sido articuladas perguntas a serem efetuadas pelo Grupo Parlamentar do Partido Socialistas e tinham sido referidas as respostas e a estratégia comunicacional” da responsável.

A troca de mensagens entre os dois responsáveis, na terça-feira, mostram versões contraditórias sobre o conhecimento de destes apontamentos, que levaram a acusações contra Galamba – e também aos pedidos de partidos para a sua demissão.

A conversa, revelada pela SIC este sábado, mostra a resposta do ex-adjunto a mensagens deixadas alegadamente pelo ministro, que já tinham sido reveladas pela mesma estação na noite de sexta-feira.

“Olá João e Eugénia, boa tarde. Só vi agora o telemóvel. As notas que eu referi ontem [segunda-feira, 24 de abril]  à Cátia são as mesmas que referi e li na nossa reunião no gabinete da Eugénia”, começa por escrever Frederico Pinheiro no WhatsApp. “Na altura considerámos todos que sendo algo informal, não seria de revelar”, defende, acrescentando que, “no entanto, seguiu um comunicado de imprensa a indicar o meu nome como tendo estado presente na reunião”.

O ex-adjunto explica ainda que “tal como referiu então”, esta situação levantava a possibilidade de ser chamado à comissão Parlamentar de Inquérito à TAP. “Se tal acontecer, eu tenho de referir que tenho estas notas. Dito isto, creio que a decisão de não revelar a existência destas notas deve ser revista”, conclui.

Esta foi resposta de Frederico Pinheiro a uma mensagem deixada por Galamba, na qual o ministro questiona o adjunto, exonerado no dia seguinte, sobre a existência destas notas. “Como é que tu te lembras agora que tens notas um mês depois da reunião em que a Eugénia pediu tudo o que havia sobre o grupo parlamentar?!?!?”, escreve o ministro, acrescentando que “por causa disso” teve de se pedida uma prorrogação de prazo para o envio de documentos.

É possível ainda ver que uma mensagem foi enviada por Galamba e depois apagada, antes de Frederico Pinheiro responder. Após a sua resposta, o governante tentou ligar ao ainda adjunto, deixando ainda a mensagem. “Liga imediatamente à Eugénia. Imediatamente”, rematou.

“Frederico, Parece que agora há notas da reunião que quando reunimos não tinhas. Manda as notas para mim e para a Cátia com a máxima urgência sff. Obrigada”, enviou o ministro das Infraestruturas numa primeira mensagem no mesmo dia.

De recordar que foi a 4 abril que a polémica ‘estalou’. A ex-CEO da TAP, Christine Ourmières-Widener revelou na Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que esteve presente numa reunião com deputados socialistas e membros do Governo, na véspera da sua audição, em janeiro.

Cerca de três semanas depois, na noite de quinta-feira, 27 de abril, a SIC Notícias revelou mensagens que provam que a bancada parlamentar do Partido Socialista (PS) e a ex-CEO da TAP terão combinado as perguntas e respostas a serem feitas na comissão, que tinha como objetivo discutir a indemnização milionária paga pela TAP à antiga secretária de Estado Alexandra Reis.

A estação divulgou ainda uma troca de mensagens entre o ministro das Infraestruturas, João Galamba, e o seu agora ex-adjunto, Frederico Pinheiro, em que este pede autorização do ministro para a participação de Ourmières-Widener na reunião. De acordo com um comunicado do ministério, datado de 6 de abril, Frederico Pinheiro esteve presente na “reunião secreta” em representação do Governo.

Mas a polémica adensou-se ainda mais quando começa por ser tornado público que o ex-adjunto, Frederico Pinheiro, tinha sido exonerado por “comportamentos incompatíveis com os deveres e responsabilidades inerentes ao exercício das suas funções num gabinete ministerial”.

Os partidos reagiram a esta situação, e para além de pedirem explicações ao primeiro-ministro, António Costa, e também que o Presidente da República se pronuncie sobre a situação, sublinham que Galamba deverá ser demitido a confirmar-se a situação.

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By Evelyn

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