São Paulo, Brasil
“O clube agradece a Mauricio Pochettino, e à sua equipe técnica, todo o trabalho prestado.
“E deseja-lhes tudo de bom para o futuro.”
Esse foi o comunicado simples, direto, com que o PSG se livrou hoje de Mauricio Pochettino. O argentino tinha contrato até julho de 2023. Foi demitido sumariamente.
De nada adiantaram as conquistas do Campeonato Francês, da Supercopa da França e da Copa da França. O objetivo era a Champions League.
Ele tinha um dos salários mais altos entre os treinadores do mundo. Recebia 1,1 milhão de euros, cerca de R$ 6,1 milhões. A multa era, de acordo com o jornal L’Equipe, de 20 milhões de euros, R$ 111 milhões, pela demissão antes de 2023. Por semanas o treinador e a direção do clube negociaram um valor médio. Ele sairá não por menos de 8 milhões de euros, cerca de R$ 44 milhões.
Sua saída tem, lógico, muito a ver com o fracasso no sonho da conquista da Champions League. A queda na semifinal na temporada 2020/2021 na semifinal, diante do Manchester City, já o balançou. Mas o fracasso na 2021/2022, ainda nas oitavas, contra o Real Madrid, selou sua sorte.
A pá de cal foi a decisão da família real catariana, dona do PSG, de fazer de tudo para manter Mbappé. Não bastou apenas oferecer o maior salário do planeta, 50 milhões de euros, R$ 277 milhões, por ano. Mas também ouvir o que o jogador tinha a dizer, aquilo que acreditava que deveria mudar no clube.
Mpabbé foi direto, de acordo com a imprensa francesa. Pediu mais seriedade, mais foco de todos no clube. O recado foi direto com quem não conseguia manter essa determinação no elenco: o executivo brasileiro Leonardo. O ex-jogador da Seleção foi trocado pelo português Luis Campos, com que Mbappé já havia trabalhado no Monado. E sabia da sua firmeza com o elenco.
O segundo alvo não poderia ser outro, o argentino Mauricio Pochettino. Ele também se mostrava subserviente, tranquilo demais diante do comportamento fora de campo, principalmente de Neymar.
Daí sua saída, hoje.
E hoje, também, assumirá o seu cargo, o francês Christophe Galtier. Por quê Galtier? Por conhecer bem os pontos fracos do PSG.
Comandando equipes mais modestas como o Lille e o Nice, frustrou o bilionário elenco do clube parisiense. Venceu o Campeonato Francês, em 2020/21 e a Copa da França, em 2021/22. Além de ter sido três vezes o melhor treinador da Liga Francesa.
Aos 55 anos, dono de uma personalidade forte, ele já chega ao clube com a missão de exigir ao máximo do elenco recheado de estrelas. Nas vezes que deixou para trás o PSG, percebeu a falta de determinação do time, do comprometimento tático, da vibração, da gana de ser campeão.
O presidente Nasser Al-Khelaifi se cansou das cobranças da imprensa, da torcida e da população francesa em geral, do comportamento de Neymar. Ele virou o foco principal da falta de determinação, de seriedade, para o clube vencer a Champions League.
Embora cumpra sua obrigação profissional: treinar e jogar, fora do campo, com suas farras públicas, desmoraliza a postura do PSG, sedendo pelo torneio mais importante entre os clubes do mundo. A conquista seria o aval de vez para deixar de ser considerado apenas uma equipe nova rica e sim um gigante a ser respeitada.
Galtier pediu a permanência de Neymar no clube. Mas o quer ‘enquadrar’. Que acabe com as provocações aos jogadores adversários, com os chiliques com os árbitros, com o individualismo exagerado, que prejudica a equipe. E com as simulações. Além, óbvio, das farras. Mesmo nas folgas.
A impressão generalizada é que Neymar fez o que quis, desde que foi contratado, em 2017.
Os técnicos ficaram à sua mercê.
A começar pelo espanhol Unai Emery, passando pelo alemão Thomas Tuchel até o argentino Mauricio Pochettino.
A mudança de hoje, com a chegada de Galtier é um aviso direto a Neymar.
As coisas vão mudar, e muito, no PSG.
O brasileiro acabou de prolongar seu contrato até 2027.
Tem a receber R$ 200 milhões até lá.
A nota sensacionalista da semana passada, do jornal El País, sem fonte alguma, dando conta que o brasileiro foi avisado que não ficaria no clube, não se confirmou.
Ele, Messi e Mbappé um periodo mais de férias, combinado com a direção do clube. Só deverão estar no clube no dia 11, daqui a seis dias.
Quando o brasileiro chegar, ele vai encontrar um clube mudado.
Muito por sua conta.
Com a cobrança, seriedade e foco para ganhar a Champions, indicados por Mbappé.
Luis Campos e, principalmente, Christophe Galtier, estarão a postos, o esperando.
A vida no PSG vai mudar para Neymar.
Ou ele se enquandra ou sairá.
Simples assim.
Todos em Paris se cansaram de seus abusos.
Ele não foi avisado que sairá do clube.
Pelo contrário, o desejo de Galtier é que ele fique.
Mas, aos 30 anos, indo além de um mero cumpridor de treino e jogos.
Se dedicando também nas folgas.
Se preservando com o objetivo claro: vencer a Champions.
Galtier está instruído para ir além de Emery, Tuchel, Pochettino. E, principalmente, Tite.
Mostrar a necessidade de o brasileiro ser atleta também fora dos gramados.
Respeitar sua carreira e o clube que o paga.
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