Neto comemorando um dos seus 80 gols pelo Corinthians. Mais jogador e ídolo do que Deyverson Corinthians

São Paulo, Brasil

“O Abel é o número um. Não tem como brigar com o homem. Tem uns caras que vêm falar do Abel. Não vou citar nome para não dar margem.

“Esse cara fala que é ídolo, que é o craque. Ganhou o quê? Todo mundo está entendendo de quem estou falando, né?”.

“Ele ganhou o quê? Fez gol em quem? Não sou craque, mas fiz gol no Barcelona, no Real Madrid, joguei final da Copa do Rei, fiz gol do título da Libertadores.

“Baixa a bola. Fala menos.”

O ataque de Deyverson a Neto foi direto, rancoroso e cercado de injustiça.

O ex-atacante do Palmeiras falou ontem ao site Desempedidos e mostrou o quanto se irritava com as críticas do ex-jogador do Corinthians, Neto, ao seu futebol, na Band. Deyverson usou os ataques do agora apresentador ao treinador palmeirense como desculpa.

E foi visceral no ataque.

Só que errou feio.

Deyverson. Jogador limitadíssimo em elenco recheado de grandes jogadores. Não teve contrato renovado

Deyverson. Jogador limitadíssimo em elenco recheado de grandes jogadores. Não teve contrato renovado Cesar Greco/Palmeiras

Neto foi fundamental na histórica conquista do Corinthians no primeiro título brasileiro. É um dos maiores ídolos do segundo clube mais popular do Brasil.

De agosto a dezembro de 1990, ele parecia encantado.

Sei, porque acompanhei diariamente aquele time, inclusive nos jogos decisivos. Nas quartas, contra o Atlético Mineiro, diante do Bahia, na semifinal. E, diante do São Paulo, nas finais.

Foi o grande jogador de uma equipe medíocre.

Corinthians: Ronaldo, Giba, Marcelo Djian, Guinei e Jacenir; Márcio (Ezequiel), Wilson Mano e Neto; Fabinho (Marcos Roberto), Tupãzinho e Mauro. Foi a equipe da decisão, treinada por Nelsinho Baptista.

1990 foi o ano que Neto levou a carreira mais a sério. E mostrou que não era apenas um exímio cobrador de faltas. Conseguia construir e finalizar as jogadas mais agudas de um clube que era conhecido, na época, por ser absolutamente provinciano. Ou seja, só importava o ‘seu quintal’, São Paulo. 

Neto marcou gols sensacionais na carreira. Como este contra o Guarani. Grande ídolo do Corinthians

Neto marcou gols sensacionais na carreira. Como este contra o Guarani. Grande ídolo do Corinthians Facebook/Neto

Não conseguia escapar e nem se importava em ficar escravo dos festejos do Campeonato Paulista de 1977, que quebrou o seu jejum de títulos de 23 anos. E da invasão corintiana ao Maracanã, quando venceu a semifinal, nos pênaltis, o Fluminense. Mas caiu na decisão diante do Internacional.

Foram necessários 14 anos para que o Corinthians se ‘estruturasse’ para vencer o Brasileiro.

Neto teve dois inimigos fatais na carreira. Sua tendência familiar a engordar. E o gênio indomável. Mesmo assim, ele conseguiu marcar perto de 200 gols, sendo meio-campista. E, como detestava cobrar pênaltis, bateu muito menos do que poderia. Ao contrário, por exemplo, de Neymar.

Poderia ter ido muito além, se tivesse empresário e foco. Não foi craque, mas um grande jogador, no curto período no qual esteve em forma.

No programa que apresenta, de maneira intuitiva, percebeu que o personagem que criou desperta atenção e garante audiência. Daí os exageros, os chiliques, os ataques a jogadores. Age como um torcedor descontrolado. Essa é a proposta do Neto apresentador. 

Mas negar sua idolatria no Corinthians é absurdo.

Por sinal, como lembra o jornalista Rodrigo Vessoni, só no Corinthians, Neto marcou 80 gols.

Deyverson tem 69 gols, atuando em sete equipes.

Neto foi o grande responsável pelo primeiro Brasileiro do Corinthians. Atuações memoráveis

Neto foi o grande responsável pelo primeiro Brasileiro do Corinthians. Atuações memoráveis Corinthians

É um atacante com muito menos recursos do que Neto. E também problemático. Mesmo muito orientado no Palmeiras, não segurou seu gênio explosivo, prejudicando a equipe várias vezes, com expulsões tolas, infantis.

Marcou o gol do título da Libertadores de 2021, sim. Graças a uma falha bizarra de Andreas Pereira, mas não se sustentou nem como reserva no Palmeiras, que possuiu um elenco pelo menos dez vezes melhor do que era o do Corinthians, em 1990.  Essa é a principal diferença.

Deyverson foi um jogador limitadíssimo em um grande time.

O clube não teve o menor interesse em renovar seu contrato.

Ao longo de sua carreira de dez anos, não teve uma temporada que chegasse perto do que Neto fez em 1990. Marcou gol no Barcelona, no Real Madrid. Mas defendendo equipes minúsculas como Levante, Getafe, Alavés.

Algo que não pode ser desprezado é que a lei Bosman, que facilitou a transferência de jogadores no mundo, só foi estabelecida em 1995. Neto já tinha 29 anos e inúmeros problemas físicos. Só por isso não acabou atuando na Europa.

Deyverson comemorado gol pelo pequeno Alavés. Como é o Levante e o Getafe, por onde jogou

Deyverson comemorado gol pelo pequeno Alavés. Como é o Levante e o Getafe, por onde jogou Reprodução/La Liga

Falta a Deyverson cultura esportiva e sobra soberba para perguntar onde Neto jogou. E em quem fez gol. O Brasil tinha jogadores de altíssimo nível no início da década de 90.

A resposta de Neto, ainda ontem, nas redes sociais, foi de acordo com seu personagem atual.

“Deram espaço pro Liminha do futebol falar asneiras e valorizar seus feitos ‘incríveis’ de pereba desmiolado. Ô Zé Ruela, não sou eu que falo que sou ídolo! É a torcida e a calçada da fama do MAIOR time do Brasil. Daqui há alguns meses ninguém vai saber que você existe. Acredite.

“A propósito Liminha, o desmiolado, fica aí com alguns dos meus quase 200 gols na carreira. Números que a propósito você está longe de alcançar nesse futebol ridículo de hoje em dia.”

Deyverson se calou. 

Não quis se posicionar hoje, tamanha a revolta nas redes sociais.

A torcida do Corinthians ficou ao lado de Neto.

E quem o viu treinando, jogando, liderando o time campeão brasileiro de 1990, sabe quem tem a razão.

O ataque de Deyverson foi sem propósito.

Haveria dezenas de argumentos para atacar o apresentador Neto.

Não menosprezar seu futebol.

Ele não foi craque.

Mas teve uma temporada fabulosa que Deyverson nem chegou perto.

Nem chegará. 

Neto desperdiçou seu potencial.

Deyverson, como jogador, é muito fraco…

By Evelyn

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