Painel da Escola Estadual Heckel Tavares: busca por alunos e recuperação do ensino Divulgação

Neste dia da Educação, 28 de abril, conheça histórias de professores que transformam a vida de estudantes e, com os seus projetos, fazem uma verdadeira revolução nas escolas e no entorno.

Como é o caso de Jucilane de Araújo Freitas, diretora da EE Heckel Tavares, no Jardim Helena, extremo leste da capital paulista. A escola está localizada entre duas comunidades, a Chácara Três Meninas e Terra Prometida, área de extrema vulnerabilidade social.

“Muitos alunos moram nas comunidades, em casas de madeirite e próximos ao rio, sabia que não teriam acesso à internet, nem a um aparelho celular”, conta Jucilane. 

Jucilane Freitas (à esquerda)

Jucilane Freitas (à esquerda) Arquivo Pessoal

Os professores indicavam quais alunos estavam faltando e Jucilane ia até a casa de cada um. “As aulas eram remotas, mas a escola ficou aberta todo o tempo para a comunidade, muitos alunos dependiam da merenda, alguns não tem banheiro em casa — a escola é o porto seguro desses dessas famílias.”

A busca ativa deu resultado e o retorno às aulas “trouxe vida ao colégio”. Em 2021, a escola começou o processo de recuperação. “Os alunos foram muito prejudicados neste período de pandemia, ensino remoto dentro de uma comunidade não existe e no ano passado começamos com as aulas de reforço.”

“Este ano é chave para o aprendizado e desenvolvimento dos alunos, já estamos retomando o aprendizado normal e vamos ver os resultados em 2023”, diz. 

Moaci e alunas que desenvolveram o projeto Células Motivadoras

Moaci e alunas que desenvolveram o projeto Células Motivadoras Arquivo Pessoal

Evitar o abandono escolar também motivou o professor Moaci Caitano a desenvolver junto com os alunos no ensino médio o projeto Células Motivadoras, na Escola Estadual Adrião do Vale Nuvens, em Santana do Cariri, no Ceará. 

O projeto começou na sala de aula, quando três estudantes tinham de elaborar um projeto para ser apresentado na feira de ciências. Elas tinham apresentar uma situação problema, desenvolver um plano de ação e trazer uma resposta. A escolha do tema nasceu na observação do dia a dia escolar: entender o porquê tantos colegas abandonavam a escola.

“As estudantes começaram a pesquisar, avaliar o que motiva e o que desmotiva os colegas e quais as possíveis soluções para o problema”, explica Moaci. 

Elas descobriram que muitos faltavam porque não conseguiam chegar na escola. “Muitos moram em áreas rurais, precisam sair muito cedo, têm dificuldade com o transporte, as estradas são ruins e podem ser uma barreira no período de chuvas.” Além da questão da mobilidade, as meninas perceberam que muitos estudantes tinham de trabalhar para ajudar no sustento da família e muitas meninas engravidavam muito cedo.

Para solucionar o problema surgiram as Células Motivadoras, grupos de conversa mediados pelos próprios estudantes com o objetivo de ajudar os colegas a não deixarem a escola. “Elas leram muito, pesquisaram, acompanhavam a frequência no diário online, viam quem estava faltando e iam atrás, ajudavam a controlar as faltas e mantinham o contato”, diz Moaci.

“A escola sempre acompanhou todo o processo, mas deixava a conversa com os jovens, percebemos que o resultado era melhor e quando não dava resultado, mandavam cartas com mensagens afetuosas, com frases como ‘você faz falta’.”

O projeto das Células Motivadoras deu tão certo que foi adotado em outras escolas e virou lei em municípios próximos, como Nova Olinda. E venceu prêmios como o Criativos da Escola, do Instituto Alana.

Verônica e as estudantes que elaboraram o Book Live, um jeito de incentivar a leitura

Verônica e as estudantes que elaboraram o Book Live, um jeito de incentivar a leitura Arquivo Pessoal

Também do Ceará, de Juazeiro do Norte, a professora Verônica Rodrigues de Freitas, desenvolveu dois projetos que extrapolam os muros do Colégio da Polícia Militar Hervano Macedo Junior. Durante a pandemia, surgiu a necessidade de aproximar os alunos e por que não incentivar a leitura ao mesmo tempo? Nasceu, então, o Book Live. 

As aulas foram incentivadas a pesquisar quais os livros preferidos dos estudantes e passaram a organizar lives no Instagram e com o aumento do engajamento, os encontros passaram a ser transmitidos pelo Youtube.

Como explica Verônica, “não há interferência na escolha dos livros, eles fazem uma apresentação da obra e abrimos para um bate-papo mediado pelos próprios estudantes”. A mesma prática tem se repetido nas aulas presenciais. “Após as lives, houve um aumento pela procura de livros na biblioteca.”

Outro projeto que começou em uma sala de aula, mas segue independente do colégio, é o Reciclando Práticas. “A partir da leitura do poema O Bicho, de Manoel Bandeira, surgiu o debate sobre os catadores que reviram o lixo e como poderiam resolver aquela questão.”

 Um grupo de adolescentes escolheu uma rua, conversou com os catadores e percebeu que para eles, o problema maior não era revirar o lixo, mas a invisibilidade. Elaboraram um plano de ação: cadastraram os catadores e bateram de porta em porta apresentando aos moradores. “Também veio a conscientização para a separação do lixo e a coleta seletiva, assim não havia a necessidade dos catadores revirarem o lixo e, por outro lado, surgiu uma relação de amizade entre as pessoas envolvidas.”

 

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