O que quer Putin? "'Sem igualdade, não haverá cereais para ninguém'"

O ex-ministro da Defesa José Azeredo Lopes comentou, esta segunda-feira, os ataques russos aos portos ucranianos, que, nomeadamente, o ataque de domingo a um local próximo da Roménia.

“A delicadeza deste tipo de ataques está relacionada com a proximidade de outros países”, considerou, em declarações à CNN Portugal esta manhã.

O ataque das últimas horas não foi o único a ficar ‘à beira’ de outros países, tendo o comentador exemplificado a proximidade com que este tipo de ataques já aconteceu também perto da Moldova.

Ainda antes de o presidente da Rússia, Vladimir Putin, se ter reunido com o seu homólogo turco, Recep Tayyip Erdoğan, em Sochi, na Rússia, o antigo ministro apontou que a possibilidade de o acordo de cereais – que neste momento não se encontra em vigor – continuar, dependerá da vontade de Putin, nomeadamente, das condições impostas – algo que se verificou mais tarde, em conferência de imprensa conjunta.

Rússia ataca porto ucraniano perto da Roménia

A Ucrânia denunciou hoje um ataque russo contra instalações industriais civis no Danúbio, no sudeste do país, e a Rússia confirmou que atingiu um porto na região que faz fronteira com a Roménia.

Lusa | 13:34 – 03/09/2023

“O que é que a Rússia pretende? Destruir, tanto quanto possível, depósitos ou armazéns de cereais, estruturas portuárias e por uma razão muito simples: se a Ucrânia está essencialmente impedida – com uma ou outra exceção – de escoar os seus cereais a partir dos seus portos – que, normalmente, são designados são designados portos de Odessa -, a única solução que tem é ir subindo o Danúbio”, explicou, apontando que ainda que os portos mais acima deste rio sejam de águas menos profundas, permitem na mesma o escoamento de cereais para outros países.

“O sinal que a Rússia quer dar é: ‘Enquanto não aceitarem as minhas condições, e enquanto não for tratado em posição de igualdade do ponto de vista dos mercados mundiais, não vai haver cereais para ninguém. E, pelo contrário, quem vai beneficiar com isso sou eu”, notou.

Já durante a tarde, e durante a conferência de imprensa, Putin confirmou isso mesmo: apesar das expectativas de que o acordo pudesse ser retomado, o chefe de Estado russo sublinhou que não haverá exportação de cereais ao abrigo deste acordo – onde a Turquia e a Organização das Nações Unidas têm servido de intermediários – enquanto 

Apesar das expectativas iniciais, o Presidente da Rússia já voltou hoje a frisar que não haverá renovação do acordo para a exportação de cereais ucranianos enquanto não estiverem em cima da mesa algumas contrapartidas que Moscovo exige. “Estaremos prontos para considerar o regresso ao acordo – faremos isso assim que todos os acordos sobre o levantamento das restrições à exportação de produtos agrícolas forem totalmente implementados”, referiu.

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By Evelyn

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