Pandemia agravou a situação dos estudantes mais pobres em todo país Christiano Antonucci/Secom-MT

A CECTCovid (Subcomissão Temporária para o Acompanhamento da Educação na Pandemia) realizou na manhã desta segunda-feira (23) uma audiência pública para debater a situação da Educação desde que as infecções por coronavírus começaram no país. 

Sob mediação do senador Flavio Arns (Podemos-PR), presidente da comissão, participaram Luiz Miguel Garcia, presidente da Undime (União Nacional dos Dirigentes Municipais de Educação) e o Naércio Menezes Filho, professor do Inper.

Com base nos dados da Pnad Contínua (Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios), realizada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), o professor Naércio destacou a urgência em recuperar o aprendizado, principalmente em a população mais pobre e entre as minorias. “Recuperar a aprendizagem deve ser uma meta até o fim de 2023 e é urgente preparar um plano de ação.” 

Menezes destacou que mais de  40% das crianças mais pobres (filhos de pais analfabetos)  não fizeram atividades escolares no período de isolamento social. “Com toda certeza, a pandemia vai agravar a desigualdade entre estudantes das redes pública e privada, entre os mais ricos e os mais pobres”, avalia.

Segundo o professor, a pandemia afetou o aprendizado, as crianças mais pobres aprenderam metade do que teriam aprendido se estivessem no ensino presencial.

Além das dificuldades de acesso à internet, o professor observou a falta de gestão entre as diferentes redes. “No Ceará, que apresenta bons índices de aprendizado, 92% dos estudantes realizaram atividades remotas neste período, no Pará apenas 50% fizeram as atividades”, observa. “A questão aqui é de gestão, porque o acesso à internet é similar entre os alunos dos dois estados, mas a rede cearense se organizou melhor, o que podemos dizer que a pandemia vai agravar também as desigualdades regionais.”

E o que fazer diante desse cenário? Para Menezes, é fundamental melhorar a gestão das redes de ensino e recuperar o aprendizado. “Como meta, ao fim de 2023, as escolas deveriam recuperar o resultado de aprendizado que tinham em 2019. Desafio de aprender as matérias do currículo de 2020 até 2023 em dois anos e para isso os alunos vão ter de passar mais horas na escola e a escola deverá usar as novas ferramentas — desde que todos tenham acesso à internet.”

A busca ativa é uma meio de resgatar aqueles que abandoram a escola e usar o sistema de Saúde da Família também pode ser um caminho na visão do professor do Insper para identificar as crianças e os adolescentes que estão fora da escola. 

“É um desafio imenso, mas não podemos deixar os estudantes sem reforço intensivo porque haverá aumento da desigualdade e o impacto disso será o crescimento da geração nem-nem (nem estuda, nem trabalha), da informalidade e da criminalidade”, conclui.

Luiz Miguel Martins Garcia, presidente da Undime, avalia que “este é o momento de superar o que foi agravado com a pandemia, quem já sofria passou a sofrer mais”. “Sofremos com a falta de alinhamento nacional, com o aumento das desigualdades e nossa maior preocupação é com o abandono escolar, daí a ênfase na busca ativa para não deixar ninguém fora da escola.” Só em 2021, 342 mil de alunos abandonaram a escola.

Garcia concorda que há uma necessidade de ampliar o número de horas dos alunos na escola. “Há uma necessidade de ter jornada de tempo integral para recuperar as lacunas cada uma das redes deve construir um plano de diagnóstico e de recuperação que não deverá se esgotar no final de 2022.”

By Evelyn

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