É o caso de Thomas, professor de liceu na Alemanha, que disse à Lusa que escolheu passar férias em Cabo Verde para ter mais experiências, fazer amizades e conhecer novos locais.

“Estou cá por duas semanas, cheguei à noite, ainda conhecemos somente o mercado, mas hoje quero ir ao Tarrafal e fazer uma caminhada à Serra da Malagueta, talvez mais tarde visitar outros lugares. Quero ver coisas diferentes, por exemplo aqui há montanhas diferentes de outros lugares que já visitei”, contou o turista, durante um passeio no Plateau, centro da Praia, numa altura em que os termómetros marcam durante o dia mais de 30 graus.

É nesse cenário de calor e praia que Jeróme Saglio, jornalista em França, de 58 anos, disse constatar que os franceses gostam de Cabo Verde, da população e da forma de viver dos cabo-verdianos. Além disso, Cabo Verde é “muito mais próximo”, para França, do que outros destinos: “Então as pessoas acabam por optar por ficar cá em Cabo Verde. Gosto muito de estar aqui porque há praias boas, tem atividades, as pessoas são simpáticas”, comentou, explicando que, como jornalista, costuma fazer reportagens para revistas e agências turísticas.

Wil Ardts, turista de 70 anos dos Países Baixos, aprendeu a falar português no Brasil e desde 2013 não dispensa passar férias em Cabo Verde, onde admira a música e os festivais.

“Eu volto sempre, gosto muito da música, o povo é muito ‘legal’ e gentil, eu gosto do povo cabo-verdiano. Estou aqui para o ‘Kriol Jazz’ festival [a realizar na Praia, este mês], Atlantic Music Expo, todo o lado que tem música. Vou ficar um mês aqui de férias, já conheci São Vicente e Praia, e cada [ilha] é diferente, as pessoas são diferentes assim como lugares também”, afirmou.

Reformada do Governo local de Amesterdão, Wil já conheceu quase todo o arquipélago, garantindo que em Cabo Verde também não deixa de lado o prato de cachupa ou a música do batuque.

Por seu turno, Elder Dennett, turista dos Estados Unidos de América, está a aproveitar para conhecer o arquipélago, passando os últimos dias na Praia. De Cabo Verde diz que vai levar como exemplo a “união” das pessoas: “Mais do que a América”.

“Eu estava em Santo Antão, visitei alguns lugares ali, é tão bonito e também jogamos voleibol, é muito divertido. Todas as vezes que andamos nas ruas, as pessoas falam connosco, são bondosas, simpáticas e incríveis. Eu quero levar a cultura cabo-verdiana para América”, afirmou o turista, em conversa com a Lusa durante o passeio pelo Plateau da Praia, área classificada como Património Nacional desde 2013, com serviços e forte procura diária de turistas.

Os hotéis cabo-verdianos receberam em 2022 um recorde de 835.945 turistas e mais de quatro milhões de dormidas, segundo dados anunciados no final de março pelo Instituto Nacional de Estatística (INE).

De acordo com o relatório de Movimentação de Hóspedes em Cabo Verde em 2022, com as estatísticas do turismo produzidas pelo INE, o número de hospedes ultrapassou no ano passado o recorde anterior, que foi de 819.308 turistas em 2019, antes da pandemia de covid-19, e cresceu ainda 394% face aos 169.068 turistas em 2021.

Entretanto, o grupo hoteleiro português Oásis Atlântico, um dos maiores em Cabo Verde, conta com lotação quase esgotada nos cinco hotéis no arquipélago na Páscoa, forte procura no verão e a abertura, este mês, da sexta unidade, na Boa Vista.

“Tudo indica que volte a ser um verão com excelentes taxas de ocupação, aí sim já comparáveis a 2022, que foi um verão muito bom. Nessa altura teremos já uma sexta unidade do grupo, desta vez na ilha da Boa Vista – o nosso novo ‘White Hotel’ abre em breve e será certamente um excelente contributo para a ilha, tanto a nível de viagens de negócios como de lazer”, explicou o diretor executivo do grupo Oásis Atlântico, Alexandre Abade.

Para este período da Páscoa, o grupo conta com os hotéis Salinas Sea, na ilha do Sal, e Tarrafal Alfândega Suites, na ilha de Santiago (inaugurado em 2022), com lotação esgotada. O hotel Belorizonte, também no Sal, conta com lotação a 70% nesta semana da Páscoa e o Porto Grande, na ilha de São Vicente, a cerca de 85%.

O hotel Praiamar, também na ilha de Santiago, é o que apresenta uma taxa de ocupação mais reduzida entre os cinco do grupo no período da Páscoa, mas que até sobe na semana seguinte, com a realização, na Praia, do “Kriol Jazz” festival.

Também os seis hotéis em Cabo Verde da marca RIU, o maior empregador privado do arquipélago, contam com lotação acima de 70% no período da Páscoa, segundo dados avançados à Lusa pelo grupo espanhol.

O grupo espanhol conta, na ilha do Sal, com as unidades RIU Cabo Verde, RIU Funana e RIU Palace Santa Maria, e na ilha da Boa Vista com o RIU Karamboa – reinaugurado em novembro após um investimento de 48 milhões de euros -, RIU Palace Boa Vista e RIU Touareg, somando uma oferta que ascende a 4.479 quartos, todos já com a atividade totalmente recuperada há mais de um ano, após a suspensão provocada pela pandemia de covid-19.

Cabo Verde recupera de uma profunda crise económica e financeira, decorrente da forte quebra na procura turística – setor que garante 25% do Produto Interno Bruto (PIB) do arquipélago – desde março de 2020, devido à pandemia de covid-19. Em 2020, registou uma recessão económica histórica, equivalente a 14,8% do PIB, seguindo-se um crescimento de 7% em 2021 e 17,7% em 2022, impulsionado pela retoma da procura turística.

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By Evelyn

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